Quarto Dia
A mapoteca
'Rasguei um pedaço do mapa
de modo que o Grand Canyon continua
na minha mesa de trabalho
onde o mapa repousa

Desde então minha mesa de trabalho
termina subitamente num abismo'

_Ana Martins Marques
Ao lado de minha mesa de trabalho se encontra o móvel mais importante de minha casa, uma mapoteca antiga. Ela me foi enviada por Heloisa, uma mulher muito vivaz e hospitaleira, desde São Paulo. Ela pertencia a seu irmão que falecera em 2020, aos 67 anos. Havia sido comprada de um amigo e, antes disso, nada sabemos.

Seu irmão era um homem divertido e viajante. Não se fixava por muito tempo em um lugar. ‘Morava aqui e ali’, confidenciou-me Helô. Aventureiro, ele gostava de cruzar as estradas de moto e de música. Morou nos Estados Unidos, Canadá, Santa Catarina e seus últimos dias foram em Trancoso.

Um atleta de longas passadas, colou na lateral da mapoteca, os diversos adesivos de suas aventuras pelo mundo, as participações em percursos de triathlons e caminhadas. Sua linda memória ainda é muito presente na ferrugem e em cada marca gravada no aço. Hoje, inscrevo em minhas andanças, novas camadas nestas gavetas robustas, armazenando meus arquivos, mapas, desenhos, fotografias e histórias.

A partir desse relato, gostaria de propor que pensássemos esse espaço digital como uma extensão desta mapoteca. Poderíamos, assim, reunir aqui alguns registros dos momentos vividos durante a semana.

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